POPULAÇÃO
Teorias
demográficas - Malthusianos,
neomalthusianos e reformistas
Dilema: É a superpopulação que gera a pobreza ou é a
pobreza que gera a superpopulação?
Inúmeras teorias foram
elaboradas para tentar explicar o crescimento populacional. Dentre elas, é
comum se destacarem três, que estão profundamente inter-relacionadas: a
malthusiana, a neomalthusiana e a reformista.
Teoria Malthusiana: A teoria demográfica formulada pelo economista
inglês Thomas Robert
Malthus (1776-1834) foi publicada em 1798, no livro Ensaio sobre
o princípio da população.
Segundo Malthus, a população mundial cresceria em
um ritmo rápido, comparado por ele a uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16,
32, 64...), e a produção de alimentos cresceria em um ritmo lento, comparado a
uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6...).
Assim, segundo a visão de Malthus, ao final de um
período de apenas dois séculos, o crescimento da população teria sido 28 vezes
maior do que o crescimento da produção de alimentos. Dessa forma, a partir de
determinado momento, não existiriam alimentos para todos os habitantes da
Terra, produzindo-se, portanto, uma situação catastrófica, em que a humanidade
morreria de inanição.
Malthus chegou a propor como única solução - para o
problema da defasagem entre população e alimentos - o que ele chamou de
"sujeição moral", ou seja, a própria população deveria adotar uma
postura de privação voluntária dos desejos sexuais, com o objetivo de reduzir a
natalidade, equilibrando o crescimento demográfico com a possibilidade de
expansão da produção de alimentos.
Naquela época, a obra fez muito sucesso, mas hoje
suas idéias são consideradas ultrapassadas pela maioria dos estudiosos. Para os
críticos de Malthus, não se elimina a falta de alimentos diminuindo o número de
nascimentos entre a população mundial, mas redistribuindo a riqueza produzida
no mundo.
Na realidade, ocorre grande concentração de
alimentos nos países ricos e, consequentemente, má distribuição nos países
pobres. Porém, em nenhum momento a população cresceu conforme o cálculo de
Malthus.
Teoria Neomalthusiana: É uma teoria que começa a se desenvolver nas
primeiras décadas do século 20, baseada no pensamento de Malthus, razão pela
qual passou a ser denominada de neomalthusiana.
O neomalthusianismo somente se firmou entre os
estudiosos da demografia após a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), em função da explosão demográfica
ocorrida nos países subdesenvolvidos. Esse fenômeno foi provocado pela
disseminação, nos países subdesenvolvidos, das melhorias ligadas ao
desenvolvimento da medicina, o que diminuiu a mortalidade sem, no entanto, que
a natalidade declinasse.
Os neomalthusianos analisam essa aceleração
populacional segundo uma ótica alarmista e catastrófica, argumentando que, se
esse crescimento não for impedido, os recursos naturais da Terra se esgotarão
em pouco tempo.
Para conter o avanço populacional, esses teóricos
utilizam várias propostas, principalmente a da adoção de políticas visando o
controle de natalidade, que se popularizaram com a denominação de Planejamento Familiar.
Algumas medidas adotadas por entidades mundiais
(ONU, FMI, Banco Mundial, UNICEF, entre outros) nos países subdesenvolvidos,
ajustadas a cada população, são exemplos de políticas de controle de
natalidade: esterilização em massa de populações pobres (como foi feito na
Índia e na Colômbia); distribuição gratuita de anticoncepcionais; assistência
médica para uso de dispositivos intrauterinos (DIUs); divulgação de um modelo
de família bem-sucedida, com no máximo dois filhos, em programas de televisão,
na publicidade e no cinema.
Teoria Reformista: As idéias básicas desta
teoria são todas contrárias às de Malthus: sua principal afirmação nega o
princípio malthusiano, segundo o qual a superpopulação é a causa da pobreza.
Para os reformistas, é a pobreza que gera a superpopulação.
De acordo com a teoria reformista, se não houvesse
pobreza as pessoas teriam acesso a educação, saúde, higiene, etc., o que
regularia, naturalmente, o crescimento populacional. Portanto, é exatamente a
falta dessas condições o que acarreta o crescimento desenfreado da população.
Neste caso, é necessário explicar a origem da
pobreza: os reformistas atribuem sua origem à má divisão de renda na sociedade,
ocasionada, sobretudo, pela exploração a que os países desenvolvidos submetem
os países subdesenvolvidos. Assim, a má distribuição de renda geraria a pobreza
- e esta, por sua vez, geraria a superpopulação.
Outra crítica dos estudiosos reformistas aos
malthusianos diz respeito ao crescimento da produção. Como vimos, para Malthus
esta crescia em ritmo inferior ao da população. Para os reformistas, contudo,
isso também não é verdadeiro, pois, com o início da revolução industrial e a
consequente revolução tecnológica, tanto a agricultura quanto a indústria
aumentaram sua capacidade produtiva, resolvendo, dessa forma, o problema da
produção.
Os reformistas defendem que os governos deveriam
implantar uma política de reformas sociais - na tecnologia, para aumentar a
produção e resolver definitivamente o problema da sobrevivência humana, e na
distribuição da renda, visando o acesso da maioria às riquezas produzidas. Só
assim o problema da pobreza se resolveria. E, resolvendo o problema da pobreza,
se resolveria também o problema da superpopulação. Ou seja, não haveria mais
desequilíbrio entre uma e outra.
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