A entrada da Venezuela no Mercosul como membro pleno
aconteceu oficialmente a 31 de julho de 2012. Com exceção do Paraguai,
(suspenso do bloco após o golpe de estado sofrido pelo ex-presidente
Fernando Lugo), os sócios remanescentes reuniram-se em Brasília para
oficializar a entrada da Venezuela
como membro-pleno do bloco.
Tal
reunião, chamada de cúpula extraordinária, ratificou a decisão tomada pelos presidentes
de Brasil, Argentina
e Uruguai no final de junho e teve a presença do presidente venezuelano, Hugo
Chávez. Anteriormente, havia um protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul,
assinado em 2006, e que fazia do país um estado associado ao grupo. Sua entrada
como membro pleno já estava, porém, ratificada por Brasil, Argentina e Uruguai.
Faltava apenas a aprovação do senado paraguaio, que de maioria conservadora era
contra, e o ex-presidente paraguaio evitava colocar o tema em votação. De
acordo com o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul, o país só
ingressaria no bloco “no trigésimo dia contado a partir da data de depósito do
quinto instrumento de ratificação”, ou seja, quando for aprovado pelo Congresso
dos quatro países e da própria Venezuela.
Assim,
de 2006 até hoje, a adesão da Venezuela era uma questão em suspenso, aguardando
o consenso apenas do Paraguai. Antes disso, porém, ocorreu o impeachment do
ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, em junho de 2012, em um processo que
durou apenas dois dias, e que foi considerado ilegítimo pelos outros países do
grupo por não ter dado amplo direito de defesa a Lugo. Baseado nesse
entendimento, foi Invocado a cláusula democrática do Mercosul, fazendo com que
o Paraguai fosse suspenso do Mercosul pelo menos até abril de 2013, quando
estão previstas novas eleições.
Curiosamente,
a suspensão do Paraguai gerou, quase que ao mesmo tempo, a ratificação da
adesão venezuelana. Houve um consenso de que, uma vez que o Paraguai não era
mais um membro do Mercosul até 2013, todos os países-membros de pleno direito
já haviam aceito a Venezuela no grupo. O problema por trás de tal lógica é que
a volta do Paraguai ao bloco é bastante provável, e o país, reassumindo a
condição de membro, continuará sem emitir sua posição sobre a entrada do mais
novo membro do Mercosul. Tal incongruência não passou despercebido pela
imprensa nem pela opinião pública, e tal decisão ainda é polêmica.
A
Venezuela é considerada a terceira economia da América do Sul, com PIB de USD
320 bilhões (2008), e seu ingresso poderá ampliar a capacidade de influência
dos países da região no destino político venezuelano e nas relações com os EUA.
O governo instalado no país, influenciado por Chávez (que deixou a presidência
recentemente, para o tratamento de um câncer) tem ainda uma orientação
ideológica bastante próxima à dos governos do Brasil, Uruguai e Argentina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário