A água potável é um recurso finito, que se reparte
desigualmente pela terra. Se pelo ângulo de seu ciclo natural a água é um
recurso renovável, suas reservas não são ilimitadas. Diversos especialistas têm
alertado que, se o consumo continuar crescendo todas as águas superficiais do
planeta estarão comprometidas até 2100.
A carência de água é resultado da combinação de efeitos
naturais, demográficos, sócio-econômicos e até culturais. Chuvas escassas, alto
crescimento demográfico, desperdício e poluição de mananciais se combinam para
gerar uma situação denominada de “estresse hídrico”.
A escassez de água em áreas do mundo, especialmente no
Oriente Médio, tem feito surgir situações hidroconflitivas, isto é, casos de
tensões geopolíticas geradas por conta da disputa pelo domínio e utilização de
fontes de água, especialmente rios, quando estes atravessam regiões de vários
Estados. Um dos pontos da explosiva Questão Palestina diz respeito à utilização
das fontes hídricas existentes na Cisjordânia, região localizada junto ao rio
Jordão. Síria, Iraque e Turquia há muito tempo vêm tendo desavenças no que diz
respeito à utilização das águas dos rios Tigre e Eufrates, que têm suas
nascentes em território turco mas, que cruzam áreas dos outros dois países.
Muitos especialistas já chegam a afirmar que os eventuais conflitos que
ocorrerem no Oriente Médio ao longo do século XXI serão causados cada vez mais
pela água e cada vez menos pelo petróleo. Apesar de 75% da superfície do
planeta ser recoberta por massas líquidas, a água doce não representa mais que
3% desse total. O problema é que apenas um terço da água (presente nos rios,
lagos, lençóis freáticos superficiais e atmosfera) é acessível. O restante está
imobilizado nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos.
Atualmente cerca de 50% das terras emersas já enfrentam um
estado de penúria em água. De cada 5 seres humanos, um está privado de água de
boa qualidade para consumo e cerca de metade dos habitantes do planeta não
dispõe de uma rede de abastecimento satisfatória. Ao longo do século XX, a
população mundial foi multiplicada por três, as superfícies irrigadas por seis
e o consumo global de água por sete. Ao mesmo tempo, nas últimas cinco décadas,
a poluição dos mananciais reduziu as reservas hídricas em um terço. Os recursos
disponíveis atualmente poderiam ser utilizados de forma mais eficaz se fossem
reduzidas a poluição, desenvolvidos processos de reciclagem das águas, houvesse
uma melhor conservação das redes de distribuição, fosse evitado o desperdício e
aceleradas as pesquisas sobre culturas agrícolas menos exigentes à água e mais
tolerantes ao sal. A dessalinização da água do mar só é realizada em poucos
países e, mesmo assim, as quantidades obtidas não cobrem as grandes
necessidades.
A escassez de água, que
muitos apontam como um dos principais problemas ambientais do mundo para o
século XXI, afeta ou pode afetar o Brasil? Do ponto de vista genérico, a
resposta é não. Em outras escalas de análise a resposta é positiva. Localizado
em sua maior parte na Zona Intertropical, com domínio de climas quentes e
úmidos, cerca de 90% do território brasileiro recebe chuvas cujos totais
normalmente variam de 1.000 a 3.000 milímetros anuais. A única grande área que
foge a este padrão é o Sertão nordestino, região que ocupa cerca de 10% do
território nacional. Devido a estas características climáticas e às
condições geomorfológicas dominantes, o Brasil possui importantes excedentes
hídricos cujo resultado é o da existência de uma das mais vastas e densas redes
de drenagem fluvial do mundo. Como conseqüência, nossa produção hídrica
equivale a pouco mais que metade do total da América do Sul e cerca de 12% do
total mundial. Quatro grandes bacias hidrográficas – Amazônica,
Tocantins-Araguaia, São Francisco e Paraná - são responsáveis por 85% de nossa
produção hídrica. Se é verdade que o Brasil possui abundância de águas
superficiais, é também verdade que esses recursos hídricos não estão
distribuídos eqüitativamente pelo território. Apenas na área das bacias
Amazônica e do Tocantins-Araguaia, a produção hídrica corresponde a 73% do
total do país. Nessas áreas, de forma geral, as densidades demográficas são
muito baixas e variam de 2 a 5 hab/km². No outro extremo, na bacia do Paraná
(6,5% da produção hídrica), as densidades dominantes estão entre 25 e 100
hab/km². Justamente aí situam-se a maior metrópole do país e algumas das áreas
mais dinâmicas da economia brasileira. Aí que estão também os mananciais mais
exigidos e poluídos do país. Organizações internacionais como a ONU
(Organização das Nações Unidas) e o Banco Mundial adotam índices para
classificar a disponibilidade hídrica social e seu impacto social. Segundo a
ONU, as áreas críticas do mundo são aquelas cuja disponibilidade não chega a
1.000 m³ anuais por habitante. Para o Banco Mundial, provavelmente influenciado
pelos altos níveis de consumo verificados nos Estados Unidos, utiliza critérios
mais exigentes: considera que a situação de “estresse hídrico” ocorre quando a
disponibilidade hídrica é inferior a 2.000 m³ anuais por habitante. Nenhuma
unidade federativa do Brasil apresenta índices inferiores a 1.000 m³ anuais por
habitante. Todavia, estão em situação de estresse hídrico segundo os critérios
do Banco Mundial, os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e o Distrito Federal. A aparente abundância de água no Brasil
tem sustentado uma cultura de desperdícios, e carência de investimentos em
programas de uso e proteção de mananciais. Os problemas de abastecimento na
atualidade ainda estão restritos a poucas áreas e decorrem da combinação da
irregularidade das condições climáticas, especialmente pluviométricas (Sertão
do Nordeste), do crescimento exagerado do consumo e degradação ambiental de
outras áreas (grandes metrópoles, por exemplo). Essa situação tem como pano de
fundo o rápido e caótico processo de expansão urbano-industrial e a ausência de
planejamento ambiental na valorização econômica de amplas áreas do país.
Sobre o texto “A QUESTÃO DA ÁGUA NO MUNDO E NO
BRASIL” Responda:
1.Coloque V ou F.
a-( ) A
água potável é um recurso finito
b-( ) A
carência de água é resultado da combinação de efeitos naturais, demográficos,
sócio-econômicos e até culturais.
c-( ) O
Oriente Médio é a região que mais sofre com situações hidroconflitivas.
d-( ) Uma
disputa hidroconflitiva, diz respeito a Síria, Iraque e Turquia que disputam a
utilização das águas dos rios Tigre e Eufrates.
e-( )
Palestina e Cisjordânia vivem em conflito pelo uso das águas do Rio Jordão.
f-( )
Especialistas dizem que eventuais conflitos no Oriente Médio serão causados
mais pela água e menos pelo petróleo.
g-( ) De
cada 5 seres humanos, um está privado de água de boa qualidade para consumo
h-( )
Metade dos habitantes do planeta não têm rede de abastecimento de água
satisfatória.
i-( )
Devido as características climáticas e às condições geomorfológicas o Brasil
possui hídricos é a existência de uma das mais vastas redes de drenagem fluvial
do mundo.
j-( ) Quatro grandes bacias hidrográficas –
Amazônica, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Paraná - são responsáveis por
85% da produção hídrica do Brasil.
k-( ) Na
área das bacias Amazônica e do Tocantins-Araguaia, a produção hídrica
corresponde a 73% do total do país, mas nessa área as densidades demográficas
são muito baixas (de 2 a 5 hab/km2)
l-( ) Na
bacia do Paraná (6,5% da produção hídrica), as densidades demográficas estão
entre 25 e 100 hab/km², aí está a maior metrópole do país, as áreas mais
dinâmicas da economia e os mananciais mais poluídos do país.
2. Se a água é um recurso renovável, porque tanta
preocupação com sua escassez?
3. A combinação de quais situações gera o chamado
“ESTRESSE HÍDRICO”?
4. O que são tensões hidroconflitivas?
5. Por que existe tanta escassez de água se 75% da superfície do planeta é recoberto por
massas líquidas?
Ao longo do séc.XX, a população mundial foi
multiplicada por 3, as superfícies irrigadas por 6 e o consumo global de água
por 7.
6. Qual foi a
principal conseqüência dos acontecimentos descritos acima?
7. Como os recursos hídricos disponíveis hoje,
poderiam ser mais bem utilizados?
8. O que é dessalinização?
9. A
escassez de água afeta ou pode afetar o Brasil?
10. Segundo os critérios do Banco Mundial, que estados
brasileiros passam por estresse hídrico?
11. Por que no Brasil tem pouco investimento em
programas de proteção a mananciais?
12) Qual a sua sugestão para que não venha faltar
água potável em nossa região? O que tem feito para contribuir?
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