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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A Questão Da Água No Mundo E No Brasil



  A água potável é um recurso finito, que se reparte desigualmente pela terra. Se pelo ângulo de seu ciclo natural a água é um recurso renovável, suas reservas não são ilimitadas. Diversos especialistas têm alertado que, se o consumo continuar crescendo todas as águas superficiais do planeta estarão comprometidas até 2100.
A carência de água é resultado da combinação de efeitos naturais, demográficos, sócio-econômicos e até culturais. Chuvas escassas, alto crescimento demográfico, desperdício e poluição de mananciais se combinam para gerar uma situação denominada de “estresse hídrico”.
A escassez de água em áreas do mundo, especialmente no Oriente Médio, tem feito surgir situações hidroconflitivas, isto é, casos de tensões geopolíticas geradas por conta da disputa pelo domínio e utilização de fontes de água, especialmente rios, quando estes atravessam regiões de vários Estados. Um dos pontos da explosiva Questão Palestina diz respeito à utilização das fontes hídricas existentes na Cisjordânia, região localizada junto ao rio Jordão. Síria, Iraque e Turquia há muito tempo vêm tendo desavenças no que diz respeito à utilização das águas dos rios Tigre e Eufrates, que têm suas nascentes em território turco mas, que cruzam áreas dos outros dois países. Muitos especialistas já chegam a afirmar que os eventuais conflitos que ocorrerem no Oriente Médio ao longo do século XXI serão causados cada vez mais pela água e cada vez menos pelo petróleo. Apesar de 75% da superfície do planeta ser recoberta por massas líquidas, a água doce não representa mais que 3% desse total. O problema é que apenas um terço da água (presente nos rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e atmosfera) é acessível. O restante está imobilizado nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos.
Atualmente cerca de 50% das terras emersas já enfrentam um estado de penúria em água. De cada 5 seres humanos, um está privado de água de boa qualidade para consumo e cerca de metade dos habitantes do planeta não dispõe de uma rede de abastecimento satisfatória. Ao longo do século XX, a população mundial foi multiplicada por três, as superfícies irrigadas por seis e o consumo global de água por sete. Ao mesmo tempo, nas últimas cinco décadas, a poluição dos mananciais reduziu as reservas hídricas em um terço. Os recursos disponíveis atualmente poderiam ser utilizados de forma mais eficaz se fossem reduzidas a poluição, desenvolvidos processos de reciclagem das águas, houvesse uma melhor conservação das redes de distribuição, fosse evitado o desperdício e aceleradas as pesquisas sobre culturas agrícolas menos exigentes à água e mais tolerantes ao sal. A dessalinização da água do mar só é realizada em poucos países e, mesmo assim, as quantidades obtidas não cobrem as grandes necessidades.
A escassez de água, que muitos apontam como um dos principais problemas ambientais do mundo para o século XXI, afeta ou pode afetar o Brasil? Do ponto de vista genérico, a resposta é não. Em outras escalas de análise a resposta é positiva. Localizado em sua maior parte na Zona Intertropical, com domínio de climas quentes e úmidos, cerca de 90% do território brasileiro recebe chuvas cujos totais normalmente variam de 1.000 a 3.000 milímetros anuais. A única grande área que foge a este padrão é o Sertão nordestino, região que ocupa cerca de 10% do território nacional. Devido a estas características climáticas e às condições geomorfológicas dominantes, o Brasil possui importantes excedentes hídricos cujo resultado é o da existência de uma das mais vastas e densas redes de drenagem fluvial do mundo. Como conseqüência, nossa produção hídrica equivale a pouco mais que metade do total da América do Sul e cerca de 12% do total mundial. Quatro grandes bacias hidrográficas – Amazônica, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Paraná - são responsáveis por 85% de nossa produção hídrica. Se é verdade que o Brasil possui abundância de águas superficiais, é também verdade que esses recursos hídricos não estão distribuídos eqüitativamente pelo território. Apenas na área das bacias Amazônica e do Tocantins-Araguaia, a produção hídrica corresponde a 73% do total do país. Nessas áreas, de forma geral, as densidades demográficas são muito baixas e variam de 2 a 5 hab/km². No outro extremo, na bacia do Paraná (6,5% da produção hídrica), as densidades dominantes estão entre 25 e 100 hab/km². Justamente aí situam-se a maior metrópole do país e algumas das áreas mais dinâmicas da economia brasileira. Aí que estão também os mananciais mais exigidos e poluídos do país. Organizações internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas) e o Banco Mundial adotam índices para classificar a disponibilidade hídrica social e seu impacto social. Segundo a ONU, as áreas críticas do mundo são aquelas cuja disponibilidade não chega a 1.000 m³ anuais por habitante. Para o Banco Mundial, provavelmente influenciado pelos altos níveis de consumo verificados nos Estados Unidos, utiliza critérios mais exigentes: considera que a situação de “estresse hídrico” ocorre quando a disponibilidade hídrica é inferior a 2.000 m³ anuais por habitante. Nenhuma unidade federativa do Brasil apresenta índices inferiores a 1.000 m³ anuais por habitante. Todavia, estão em situação de estresse hídrico segundo os critérios do Banco Mundial, os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e o Distrito Federal. A aparente abundância de água no Brasil tem sustentado uma cultura de desperdícios, e carência de investimentos em programas de uso e proteção de mananciais. Os problemas de abastecimento na atualidade ainda estão restritos a poucas áreas e decorrem da combinação da irregularidade das condições climáticas, especialmente pluviométricas (Sertão do Nordeste), do crescimento exagerado do consumo e degradação ambiental de outras áreas (grandes metrópoles, por exemplo). Essa situação tem como pano de fundo o rápido e caótico processo de expansão urbano-industrial e a ausência de planejamento ambiental na valorização econômica de amplas áreas do país.


                               Sobre o texto “A QUESTÃO DA ÁGUA NO MUNDO E NO BRASIL” Responda:
 1.Coloque V ou F.
a-(   ) A água potável é um recurso finito
b-(   ) A carência de água é resultado da combinação de efeitos naturais, demográficos, sócio-econômicos e até culturais.
c-(   ) O Oriente Médio é a região que mais sofre com situações hidroconflitivas.
d-(   ) Uma disputa hidroconflitiva, diz respeito a Síria, Iraque e Turquia que disputam a utilização das águas dos rios Tigre e Eufrates.
e-(   ) Palestina e Cisjordânia vivem em conflito pelo uso das águas do Rio Jordão.
f-(   ) Especialistas dizem que eventuais conflitos no Oriente Médio serão causados mais pela água e menos pelo petróleo.
g-(   ) De cada 5 seres humanos, um está privado de água de boa qualidade para consumo
h-(   ) Metade dos habitantes do planeta não têm rede de abastecimento de água satisfatória.
i-(   ) Devido as características climáticas e às condições geomorfológicas o Brasil possui hídricos é a existência de uma das mais vastas redes de drenagem fluvial do mundo.
j-(   ) Quatro grandes bacias hidrográficas – Amazônica, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Paraná - são responsáveis por 85% da produção hídrica do Brasil.
k-(   ) Na área das bacias Amazônica e do Tocantins-Araguaia, a produção hídrica corresponde a 73% do total do país, mas nessa área as densidades demográficas são muito baixas (de 2 a 5 hab/km2)
l-(   ) Na bacia do Paraná (6,5% da produção hídrica), as densidades demográficas estão entre 25 e 100 hab/km², aí está a maior metrópole do país, as áreas mais dinâmicas da economia e os mananciais mais poluídos do país.
2. Se a água é um recurso renovável, porque tanta preocupação com sua escassez?
3. A combinação de quais situações gera o chamado “ESTRESSE HÍDRICO”?
4. O que são tensões hidroconflitivas?
5. Por que existe tanta escassez de água se  75% da superfície do planeta é recoberto por massas líquidas?

Ao longo do séc.XX, a população mundial foi multiplicada por 3, as superfícies irrigadas por 6 e o consumo global de água por 7.
 6. Qual foi a  principal conseqüência dos acontecimentos descritos acima?


 7. Como os recursos hídricos disponíveis hoje, poderiam ser mais bem utilizados?
 8. O que é dessalinização?
 9.  A escassez de água afeta ou pode afetar o Brasil?
10. Segundo os critérios do Banco Mundial, que estados brasileiros passam por estresse hídrico?
11. Por que no Brasil tem pouco investimento em programas de proteção a mananciais?
12) Qual a sua sugestão para que não venha faltar água potável em nossa região? O que tem feito para contribuir?

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